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Artistas indígenas movimentam primeiro dia de Turistódromo com grafismo corporal indígena

Mais de 300 atendimentos foram realizados pelo grupo Ind’Arte Grafismo


Os grafismos indígenas feitos pelo grupo Ind’Arte Grafismo, composto por Thaís Kokama, Tuniel Mura e Jheyle Mura, adornaram os corpos dos brincantes de boi-bumbá que compareceram no Turistódromo, no primeiro dia de atividade do espaço da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), do Governo do Estado. Desde a abertura até as 18h da quinta-feira (23/06), mais de 300 atendimentos foram realizados pelo trio de artistas no espaço, dedicado aos turistas que estão em Parintins para o 55º Festival Folclórico.



A Amazonastur incluiu as pinturas tradicionais indígenas como um dos atrativos visando a aproximação cultural, fortalecendo, desmistificando e valorizando ainda mais as raízes indígenas entre os não indígenas. Pela primeira vez em Parintins, a artista Thaís Kokama conta que seu contato com os grafismos foi incentivado pelo tuxaua Pedro Ramal, líder dos Sateré-Mawé, quando morou na aldeia Iambé, dos indígenas da etnia, localizada no Tarumã-Açu.

“Eu já sabia fazer o jenipapo, e o meu tuxaua me incentivou muito. Eu comecei a praticar e eu fui aperfeiçoando meu dom e levando essa arte para Brasília, Goiânia, São Paulo e algumas aldeias de Manaus e entorno. Hoje eu trabalho levando a resistência cultural e reflorestando jenipapo para futuras gerações. Já plantei 80 mudas de jenipapo e estou com o objetivo de plantar 200 e levar esse trabalho pro Brasil todo. É um trabalho de resistência”, destacou.

O trabalho de Thais Kokama, que descende das etnias Kokama e Sateré-Mawé, vem ganhando cada vez mais destaque com os grafismos corporais feitos com a tinta de jenipapo em diversos lugares do país. Segundo ela, receber o convite da Amazonastur foi uma honra, “pois valoriza o trabalho como indígena e como artista”.

“Quando se fala em índio se esquece das diversidades de etnias, que nós somos vários povos e cada povo tem uma simbologia, uma pintura. Nesse evento a gente pode explicar para o povo parintinense, povo manauara, pessoas do Brasil todo e do mundo que estão aqui na ilha, a importância de a gente estar como resistência cultural, mostrando a nossa habilidade através do grafismo, além de ensinar e reeducar a população que desconhecia essa arte que é milenar”, destacou.

Thaís explica ainda que o portfólio do grupo incluiu grafismos que ressaltam a fauna, flora e lendas amazônicas.

“O grafismo corporal representa primeiramente o nosso meio de se conhecer. A gente selecionou alguns grafismos que simbolizam paz, harmonia, felicidade, prosperidade. Um que é de suma importância que é a Flor Guerreira, a sabedoria, outro que simboliza Tupã, que na minha língua é Deus. É família, aldeia e as folhas da sabedoria. A gente trouxe grafismos que possam estar conectados à família, ao festival e a tudo isso que acontece em Parintins”.

O funcionário público Álvaro Cesar, que visitou o espaço da Amazonastur, já conhecia o trabalho de Thais Kokama e fez questão de entrar na longa fila para fazer sua pintura corporal. Para ele, a iniciativa de chamar uma artista nativa é estimável pois promove a cultura indígena. “Ela vem trazer toda essa bagagem cultural que enriquece ainda mais o festival”, ressaltou.

Com atendimento gratuito, o Turistódromo está localizado em frente à Catedral de Nossa Senhora do Carmo, funcionando das 9h às 19h, e no domingo, das 9h às 17h.

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